terça-feira, 26 de outubro de 2010

Querem repetir 89.

É muito grave a denúncia de Marilena Chauí sobre uma possível armação de militantes tucanos que pretenderia, trajando camisetas e portando bandeiras do PT, atacar pessoas "para tirar sangue" durante o comício de Serra em São Paulo no próximo dia 29, antivéspera da eleição e último dia de campanha, quando o PT não terá tempo nem meios para responder à acusação de estar por trás da agressão, que o PIG certamente mostraria e condenaria. http://www.youtube.com/watch?v=F52srp0SImE.

A própria filósofa alerta para a semelhança entre este fato e o sequestro de Abílio Diniz às vésperas das eleições de 89, quando a polícia obrigou os sequestradores a vestirem camisetas do PT para a imprensa fotografá-los.

Contudo, o que mais marcou as eleições de 89 foi, certamente, o compacto do debate da TV Globo, transmitido ao vivo de madrugada, quando a população dormia, e depois exibido no horário nobre como um compacto com o melhor de Collor e o pior de Lula. Este fato, aliado à máquina de propaganda da Globo e à farsa montada para ligar o PT ao sequestro do empresário custou a vitória a Lula naquelas eleições. A Globo de hoje não tem o mesmo poder de antes, mas o episódio da suposta fita que teria atingido Serra é uma prova de que ela continua mascarando a verdade com o objetivo de influenciar o eleitorado brasileiro. Além disso, se a Globo sozinha não tem a cacidade de repetir 89, o PIG tem: os maiores e mais poderosos órgãos de mídia do país estão unidos contra o PT e, juntos, são tão poderosos quanto a Globo de 21 anos atrás.

A direita tem usado as mesmas fórmulas que sempre usou em situações como essa: além da imprensa, algo que sempre pertenceu à direita, espalham o medo e a mentira. Às vésperas do primeiro turno, por exemplo, Dilma estava com a eleição ganha no primeiro turno, mas a direita, em manobra desesperada, lançou um pacote de ações que incluiu boatos na internet e distribuição de panfletos falsos atribuídos à CNBB orientando os católicos a não votarem em Dilma. Não houve tempo de desmentir, mas a CNBB emitiu nota, após o primeiro turno alegando que "não impôs veto a candidatura alguma nem produziu nenhum panfleto ou carta contra a candidata Dilma Rousseff" (http://www.espalheaverdade.com.br/2010/10/17/pega-na-mentira-cnbb-nao-assina-panfletos-nem-cartas-contra-dilma/). Assim, tais panfletos são obra de gente que quer manipular o povo, tendo a mentira e o "amedrontamento" como armas).

O que esperar para esta semana, a última antes do segundo turno, além de algo parecido? Não se tem feito nenhuma manobra com o intuito de atingir Dilma desde a gafe do rolo de fita. Está uma semana muito tranquila, nem parece que falta menos de uma semana para irmos às urnas. O que devemos esperar que aconteça nos próximos dias? Certamente a mídia e o PSDB têm algum plano pronto que vai estourar imediatamente antes da eleição, sem dar tempo nem condições para que o PT se defenda. Se não for a pancadaria durante o contato de Serra com seus eleitores paulistas, será alguma outra coisa, que pode ir desde um escândalo político até a explosão de uma bomba. O que se pretende é amedrontar a população às vésperas da eleição, para que ela, de alguma forma, seja seduzida pelo discurso tucano.

Vivemos em um país democrático e este comportamento da mídia e da coligação de Serra é absolutamente anti-democrático, assim como são antidemocráticas as pancadarias promovidas pela tropa de choque paulista, a mando de Serra, contra grevistas e manifestantes. Assim como são antidemocráticas as ações da mídia ao mostrar opiniões como fatos e dando voz somente a um dos lados. Assim como é antidemocrática a tentativa de subir ao poder valendo-se da boataria, de agressões fabricadas, de panfletos caluniosos sobre Dilma. O povo deve eleger seus governantes de maneira consciente e com base no projeto que cada um tem para o Brasil (aliás, o que Serra pretende fazer como presidente? Até agora ele só prometeu um aumento no salário mínimo e na bolsa-família, conflitante com a outra promessa, de que enxugaria as contas públicas, sem explicar como).

Um presidente eleito através da manipulação da opinião pública não é legítimo e pode nos levar a outro episódio tão triste quanto o do impeachment de Collor, primeiro presidente eleito pelo povo brasileiro após a constituição de 1988.

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