segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Governo de SP: desrespeito por você!

Acabei de almoçar no Restaurante Universitário (RU) da Unicamp. A sensação foi quase a mesma de almoçar debaixo de chuva, com todas aquelas goteiras, algumas pingando, outras escorrendo.

O "aumento de vagas com qualidade" implantado pelo governo tucano de SP serviu para aumentar as filas para uso do referido restaurante, bem como a demanda por vagas na moradia estudantil, por uso do parque computacional e das bibliotecas da universidade e sobrecarregou funcionários de diversos setores instituição, inclusive docentes, pois muitos têm o dobro de alunos que tinham antigamente.

Em contrapartida, as goteiras no restaurante também aumentaram proporcionalmente, somente as verbas de manutenção é que não aumentaram. Embora já tenha visto diversas obras de manutenção no telhado do RU, nunca vi diferença em termos práticos: tapam um buraco aqui enquanto surge outro ali.

Minha experiência de hoje foi quase surreal: nas áreas externas cobertas do restaurante, os estudantes tentavam organizar uma fila gigantesca para entrar no prédio secos, ou pelo menos úmidos.

Após passar pela catraca, constatei que o interior do restaurante tinha mais goteiras que o exterior: a superlotação era agravada pelo fato de que diversas mesas estavam inutilizadas pela água que caía sobre elas. Ao meu lado, a água escorria por algumas lâmpadas, revelando a precariedade das instalações elétricas, coroada pelas gambiarras para impedir que as lâmpadas caíssem sobre os estudantes que comiam logo embaixo.

Um olhar panorâmico sobre o restaurante logo revelava os pontos mais críticos: mesa vazia era sinal de goteiras grandes, para não dizer cachoeiras. Até na cozinha os funcionários trabalhavam debaixo de goteiras, enquanto alguns funcionários andavam pelo restaurante puxando com rodos a água empoçada.

Após pegar a comida, constatei que havia uma cortina de água para chegar às mesas de autoserviço. Após me molhar um pouco consegui pegar guardanapo, talheres e me servir de salada. Me sentei debaixo da rampa, onde não havia risco de ser atingido pelas goteiras. Não tardou e vi quando colocaram um balde no meio do caminho, onde havia uma goteira que encharcava todo o chão.

Depois de algum tempo percebi estudantes usando guarda-chuvas na fila para sair do prédio (até para sair há filas, o que evidencia a saturação do RU). Comi e peguei aquela mesma fila, de fato atingida por algumas goteiras ao longo do caminho, e saí com dificuldade, pois muitos estudantes se amontoavam na saída do prédio esperando a chuva passar, dificultando a saída dos demais. Diante da banca de café havia uma goteira gigantesca sobre um banco de concreto, que esparramava a água por todos os lados.

Eis os resultados da política tucana para o ensino superior em SP. Eis como se sucateia um centro de excelência. Eis os primeiros efeitos da canetada do ex-atual-governador Geraldo Alckmin, que, em 2006, vetou a lei aprovada pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, determinando que o aumento de vagas deveria implicar em aumento de verbas. E seu suceantecessor (sucessor e antecessor) José Serra se limitou a usar as forças policiais contra os estudantes que nos últimos anos reivindicaram investimentos em infra-estrutura para evitar cenas lamentáveis como a que presenciei hoje e a colocar um reitor biônico na USP.

Felizmente, enquanto houver povo, há esperança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário